Medida faz parte de programa do governo estadual anunciado há dois anos; meta é abrir 5 mil vagas em Pedagogia
Renata Cafardo e Simone Iwasso escrevem para "O Estado de SP":
Dois anos depois do anúncio de um programa do governo para financiar cursos a distância, o Estado de São Paulo oficializa amanhã sua primeira graduação dessa modalidade. O curso de Pedagogia será oferecido pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) e terá 5 mil vagas - 1.350 em um vestibular ainda neste ano. Um convênio semelhante com a Universidade de São Paulo (USP) não saiu do papel por desentendimentos entre a instituição e o governo.
A graduação a distância é a área que mais cresce no País - atualmente são 760 mil alunos. Em 2000, eram pouco mais de 1.600 estudantes, segundo números do Ministério da Educação (MEC). O ensino é feito por meio de tecnologias de informação e comunicação, principalmente a internet.
Apesar de serem chamados de cursos a distância, a legislação brasileira impede que eles sejam 100% não presenciais. É obrigatório ter avaliações realizadas com os alunos presentes e atividades em polos com professores tutores. Estudos mostram que os estudantes dessa modalidade têm desempenho semelhante aos dos que cursam a graduação tradicional.
O curso da Unesp de Pedagogia será oferecido somente para professores da rede pública. Dados do Ministério da Educação mostram que 21% dos docentes de ensino fundamental do País não têm curso superior. O processo seletivo para o curso, que terá duração de três anos (3.390 horas/aula), será feito pela Vunesp, fundação já responsável pelo vestibular da universidade. As aulas devem começar em março de 2010.
De acordo com o secretário estadual de Ensino Superior, Carlos Vogt, 40% das atividades serão presenciais, em cerca de 30 polos da universidade localizados na capital e interior. Nesses locais haverá laboratórios de informática, salas de aula e equipamentos para que os alunos assistam aos programas educativos de TV. Os estudantes serão atendidos por professores tutores, que tiram dúvidas e ajudam nas atividades.
Toda a estrutura será bancada pelo governo do Estado, por meio da Universidade Virtual (Univesp), programa criado oficialmente em outubro de 2008. Em agosto de 2007, após assumir o cargo, o secretário havia adiantado, em entrevista ao Estado, a intenção do governo de iniciar o projeto. A ideia era a de financiar uma rede de cursos a distância, tanto de graduação quanto de especialização.
O curso da Unesp custará cerca de R$ 25 milhões. O orçamento da universidade, oriundo da arrecadação do ICMS, não será alterado. A Univesp contratará os tutores - 2 para cada grupo de 50 alunos - e cuidará do material e das ferramentas tecnológicas. O conteúdo do curso foi feito por professores da universidade. "A Unesp estuda o projeto há quase dois anos. Foi um processo que envolveu professores e especialistas para a definição do modelo do curso", diz Klaus Schlünzen Junior, coordenador do Núcleo de Educação a Distância da Unesp.
Segundo ele, o maior desafio do projeto será articular a tecnologia com atividades presenciais. "O curso vai explorar as potencialidades das tecnologias de informação e comunicação, como o ambiente virtual de aprendizagem e a TV digital."
Desentendimento
A USP também aprovou neste ano um curso a distância para formação de professores. A Univesp financiaria o projeto, com custo de R$ 12 milhões. A reitoria, no entanto, não assinou o convênio por entender que o governo pretendia utilizar os dados provenientes do curso para viabilizar outros programas pelo Estado. "Quando se trata de algo tão novo, é normal ter idas e vindas, discussões, intercursos de natureza política interna das universidades", diz Vogt. Ele comemora o fato de o projeto estar "chegando à sala de aula". Até agora, a Univesp tinha apenas criado programas educativos de TV.
Segundo Vogt, os cursos oferecidos criarão bibliotecas virtuais públicas, com materiais e conteúdos para cursos a distância que poderão ser acessados por qualquer instituição. Além do programa na Unesp, a intenção de abrir um curso de graduação em Gestão e dois outros, de inglês e de espanhol, no Centro Paula Souza, também será anunciada amanhã, em evento com a presença do governador José Serra.
Rede federal tem 140 mil estudantes matriculados
Criada em 2005 para capacitar professores da educação básica, a Universidade Aberta do Brasil (UAB), ligada ao Ministério da Educação, reúne cursos a distância oferecidos por 88 instituições de ensino superior, a maioria federais e estaduais, em 723 polos de apoio presencial. Atualmente, 140 mil alunos estão matriculados nos cursos de graduação, extensão universitária e especialização oferecidos em todas as regiões do País.
A rede, gerida pelo governo federal, é formada por cursos independentes e elaborados pelos professores das universidades que aderem à proposta. A Universidade Federal de Alagoas, por exemplo, oferece, por meio da UAB, cursos de graduação a distância de Administração Pública e Matemática. Já a Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) tem licenciatura em Matemática e a Federal do Piauí, de Pedagogia.
O programa pedagógico, o material didático e as formas de avaliação são responsabilidade de cada universidade, assim como o processo seletivo. Cada uma delas anuncia seu vestibular de acordo com um cronograma próprio - a única exigência é que o candidato tenha terminado o ensino médio. O diploma recebido no fim do curso a distância tem o mesmo valor de um emitido em curso presencial.
O modelo da Universidade Aberta foi inspirado em um projeto criado no Estado do Rio em 2000, com base em um consórcio entre o governo do Estado, quatro universidades federais (UniRio, UFRJ, UFF e UFRRJ) e duas estaduais (Uerj e Uenf).
Chamado de Consórcio Cederj, ele foi elaborado para facilitar o acesso ao ensino superior da população que não tem condições de estudar no horário tradicional, por motivos de trabalho, e que mora em regiões onde não há instituições públicas.
A universidade oferece o curso, o consórcio faz a gestão e as prefeituras garantem o polo presencial. Atualmente são oferecidos sete cursos a cerca de 11 mil estudantes.
Renata Cafardo e Simone Iwasso escrevem para "O Estado de SP":
Dois anos depois do anúncio de um programa do governo para financiar cursos a distância, o Estado de São Paulo oficializa amanhã sua primeira graduação dessa modalidade. O curso de Pedagogia será oferecido pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) e terá 5 mil vagas - 1.350 em um vestibular ainda neste ano. Um convênio semelhante com a Universidade de São Paulo (USP) não saiu do papel por desentendimentos entre a instituição e o governo.
A graduação a distância é a área que mais cresce no País - atualmente são 760 mil alunos. Em 2000, eram pouco mais de 1.600 estudantes, segundo números do Ministério da Educação (MEC). O ensino é feito por meio de tecnologias de informação e comunicação, principalmente a internet.
Apesar de serem chamados de cursos a distância, a legislação brasileira impede que eles sejam 100% não presenciais. É obrigatório ter avaliações realizadas com os alunos presentes e atividades em polos com professores tutores. Estudos mostram que os estudantes dessa modalidade têm desempenho semelhante aos dos que cursam a graduação tradicional.
O curso da Unesp de Pedagogia será oferecido somente para professores da rede pública. Dados do Ministério da Educação mostram que 21% dos docentes de ensino fundamental do País não têm curso superior. O processo seletivo para o curso, que terá duração de três anos (3.390 horas/aula), será feito pela Vunesp, fundação já responsável pelo vestibular da universidade. As aulas devem começar em março de 2010.
De acordo com o secretário estadual de Ensino Superior, Carlos Vogt, 40% das atividades serão presenciais, em cerca de 30 polos da universidade localizados na capital e interior. Nesses locais haverá laboratórios de informática, salas de aula e equipamentos para que os alunos assistam aos programas educativos de TV. Os estudantes serão atendidos por professores tutores, que tiram dúvidas e ajudam nas atividades.
Toda a estrutura será bancada pelo governo do Estado, por meio da Universidade Virtual (Univesp), programa criado oficialmente em outubro de 2008. Em agosto de 2007, após assumir o cargo, o secretário havia adiantado, em entrevista ao Estado, a intenção do governo de iniciar o projeto. A ideia era a de financiar uma rede de cursos a distância, tanto de graduação quanto de especialização.
O curso da Unesp custará cerca de R$ 25 milhões. O orçamento da universidade, oriundo da arrecadação do ICMS, não será alterado. A Univesp contratará os tutores - 2 para cada grupo de 50 alunos - e cuidará do material e das ferramentas tecnológicas. O conteúdo do curso foi feito por professores da universidade. "A Unesp estuda o projeto há quase dois anos. Foi um processo que envolveu professores e especialistas para a definição do modelo do curso", diz Klaus Schlünzen Junior, coordenador do Núcleo de Educação a Distância da Unesp.
Segundo ele, o maior desafio do projeto será articular a tecnologia com atividades presenciais. "O curso vai explorar as potencialidades das tecnologias de informação e comunicação, como o ambiente virtual de aprendizagem e a TV digital."
Desentendimento
A USP também aprovou neste ano um curso a distância para formação de professores. A Univesp financiaria o projeto, com custo de R$ 12 milhões. A reitoria, no entanto, não assinou o convênio por entender que o governo pretendia utilizar os dados provenientes do curso para viabilizar outros programas pelo Estado. "Quando se trata de algo tão novo, é normal ter idas e vindas, discussões, intercursos de natureza política interna das universidades", diz Vogt. Ele comemora o fato de o projeto estar "chegando à sala de aula". Até agora, a Univesp tinha apenas criado programas educativos de TV.
Segundo Vogt, os cursos oferecidos criarão bibliotecas virtuais públicas, com materiais e conteúdos para cursos a distância que poderão ser acessados por qualquer instituição. Além do programa na Unesp, a intenção de abrir um curso de graduação em Gestão e dois outros, de inglês e de espanhol, no Centro Paula Souza, também será anunciada amanhã, em evento com a presença do governador José Serra.
Rede federal tem 140 mil estudantes matriculados
Criada em 2005 para capacitar professores da educação básica, a Universidade Aberta do Brasil (UAB), ligada ao Ministério da Educação, reúne cursos a distância oferecidos por 88 instituições de ensino superior, a maioria federais e estaduais, em 723 polos de apoio presencial. Atualmente, 140 mil alunos estão matriculados nos cursos de graduação, extensão universitária e especialização oferecidos em todas as regiões do País.
A rede, gerida pelo governo federal, é formada por cursos independentes e elaborados pelos professores das universidades que aderem à proposta. A Universidade Federal de Alagoas, por exemplo, oferece, por meio da UAB, cursos de graduação a distância de Administração Pública e Matemática. Já a Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) tem licenciatura em Matemática e a Federal do Piauí, de Pedagogia.
O programa pedagógico, o material didático e as formas de avaliação são responsabilidade de cada universidade, assim como o processo seletivo. Cada uma delas anuncia seu vestibular de acordo com um cronograma próprio - a única exigência é que o candidato tenha terminado o ensino médio. O diploma recebido no fim do curso a distância tem o mesmo valor de um emitido em curso presencial.
O modelo da Universidade Aberta foi inspirado em um projeto criado no Estado do Rio em 2000, com base em um consórcio entre o governo do Estado, quatro universidades federais (UniRio, UFRJ, UFF e UFRRJ) e duas estaduais (Uerj e Uenf).
Chamado de Consórcio Cederj, ele foi elaborado para facilitar o acesso ao ensino superior da população que não tem condições de estudar no horário tradicional, por motivos de trabalho, e que mora em regiões onde não há instituições públicas.
A universidade oferece o curso, o consórcio faz a gestão e as prefeituras garantem o polo presencial. Atualmente são oferecidos sete cursos a cerca de 11 mil estudantes.
(O Estado de SP, 25/8)
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