Para sobreviver, uma espécie milimétrica de perereca, até então desconhecida da ciência, escolheu viver em uma flor que possui um reservatório de água.
Essa flor foi localizada a 1.900 metros de altitude, onde a temperatura chega facilmente aos 10 graus. A descoberta científica aconteceu em Minas Gerais, no Pico do Itambé, que fica no trecho da Serra do Espinhaço que passa pela cidade de Santo Antônio do Itambé, a 221 quilômetros de Belo Horizonte.
A bióloga Izabela Barata não pensava que sua pesquisa na região resultasse na descoberta de uma nova espécie. O objetivo inicial do trabalho era contabilizar o número de espécies na medida em que os pesquisadores sobem o pico.“Coletamos cinco pererecas. Uma toda preta e a outra preta com pintas brancas. Os anfíbios precisam de água para reprodução e a bromélia oferece a água”, explicou ela ao iG.
Izabela é pesquisadora do Instituto Biotrópicos, uma organização não governamental (ONG) que pesquisa a biodiversidade de uma região para saber como preservá-la. Izabela está uma equipe que pesquisa o Pico do Itambé e trabalha na pesquisa de anfíbios desde 2002. Até então, nunca havia descoberto uma espécie. “A gente cria uma expectativa grande porque mostra para vários pesquisadores e ninguém consegue identificar. Gastamos três noites para subir o pico, mas valeu a pena”.
As cinco pererecas coletadas foram sacrificadas para serem catalogadas em um museu.“Precisamos descrever as características do corpo inteiro do adulto e do girino. Temos também o registro de vocalização, pois eles cantam, ou melhor, coaxam. Depois, começam estudos de biologia, reprodução e genéticos, que podem servir para a conservação das espécies”, diz ela.
A bióloga conta ainda que o Brasil é o país com maior número de espécies de anfíbios em todo mundo: são mais de 800 tipos. “Minas destaca-se bastante porque tem três biomas: mata atlântica, cerrado e caatinga”, conta ela, que faz questão de explicar uma diferença que sempre passa desapercebida: “O sapo tem a pele mais rugosa, a perereca tem viscos adesivos, fazendo com que grude na parede, e as rãs têm membranas nadadoras. As pessoas fazem muita confusão”, faz questão de explicar.
(Fonte: Denise Motta/ Portal iG)
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