Físico alerta sobre construção de usinas nucleares no Brasil

País não precisa desse tipo de energia. José Goldemberg, físico da USP (Universidade de São Paulo), disse em uma entrevista ao programa “Revista Brasil” da Rádio Nacional, que o Brasil necessita revisar os planos para construção das novas usinas nucleares. Goldemberg fez essa afirmação citando o acidente com material radioativo ocorrido no Japão, após o terremoto e o tsunami que destruíram a região nordeste do país.

"Seria conveniente que as autoridades brasileiras olhassem os problemas com certa humildade, e fizessem uma avaliação antes de se envolverem em planos de expansão," disse Goldemberg. Ele ainda acha que as autoridades brasileiras devem ter uma nova postura perante o programa nuclear.

Eletronuclear/Reprodução

Além das usinas Angra 1 e Angra 2, que estão em funcionamento, o governo federal está construindo Angra 3, com conclusão prevista para 2015 e pelo menos o projeto de mais quatro usinas, duas no Nordeste e duas no Sudeste.

Goldemberg mencionou que na década de 70 eram instalados cerca de 30 reatores, hoje em dia são entre três e quatro. Isso aconteceu porque houve um aumento nos custos gerados pela necessidade de melhorar a segurança das usinas.

"O custo da instalação de um reator nuclear triplicou entre 1985 e 1990. Por isso, alguns países estão buscando outros caminhos. Na Alemanha, por exemplo, serão desativados todos os reatores com mais de 30 anos." , completou.

O tempo de vida útil de um reator nuclear é relativo, já que as peças podem ser substituídas conforme vão ficando gastas, por causa disso, hoje existem reatores com mais de 40 anos de uso, segundo Goldemberg.

"A segurança das usinas nucleares brasileiras é de nível internacional. Não são piores, nem melhores [as usinas brasileiras]. É seguro, assim como os japoneses também achavam [que os reatores deles eram seguros]," disse Goldemberg quando questionado sobre a segurança dos reatores brasileiros.

Angra 2 opera com licenciamento ambiental incompleto

Angra 2 funciona comercialmente há mais de dez anos apenas com a licença de operação inicial e não a permanente, como é exigido, ou seja, opera com seu licenciamento ambiental incompleto.

No Brasil, para se ter o licenciamento completo nas usinas nucleares é necessário um parecer do IBAMA e outro da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN). No caso de Angra 2, existe apenas o parecer do IBAMA, porém ainda não há autorização de operação permanente da CNEN. Angra 1 possui o licenciamento completo.

Em audiência pública no Senado Federal, Othon Luiz Pinheiro, presidente da Eletronuclear, estatal que administra as usinas brasileiras, se manifestou dizendo que a falta da autorização de operação permanente não compromete a segurança da usina, "A empresa já cumpriu todos os requisitos para ter a licença definitiva."

De acordo com Pinheiro, a licença não foi concedida ainda porque o pedido está parado no Ministério Público Federal, que alega não ter sido cumprido o termo de ajuste de conduta firmado com a estatal, subsidiária da Eletrobrás, a CNEN e o IBAMA.

Da Redação

Com informações da Agência Brasil/Folha de São Paulo

Eletronuclear/Reprodução

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