Eu não sabia que era errado...
“Um professor pediu demissão da escola depois que um aluno adolescente interrompeu uma reunião e tentou esfaqueá-lo” – trecho da reportagem divulgada no Jornal Nacional de 8 de fevereiro.
Quando me formei em 1982, no extinto curso Magistério – equivalente ao ensino médio, profissionalizante –, houve em minha casa uma grande festa. Lembro-me do meu avô orgulhar-se em dizer aos amigos e vizinhos: “a minha neta é professora”. Fico imaginando o que ele diria hoje; talvez: “Coitada da minha neta, formou-se professora” ou, ainda, “minha neta, que é professora, precisa de seguro de vida para exercer sua profissão”.
A televisão tem apresentado um comercial que valoriza a figura do professor, mas isso não será suficiente se antes de se demonstrar o “valor” do professor, não for devidamente informado, demonstrado e aplicado tudo sobre os deveres das crianças e dos adolescentes.
Tenho visto muitos pais esbravejarem os direitos de seus filhos, outros acuados e, em algumas vezes, amedrontados com o perigo de serem “presos e condenados”, por tomarem a atitude de educar seus filhos com palmadas corretivas, coisa, aliás, que muitos de nós recebemos e merecemos, contudo não nos frustramos tão pouco nos desequilibramos e, muito pelo contrário, somos pessoas do bem, valorizamos a honestidade, nos preocupamos com nossa imagem e reputação, gostamos de trabalhar, de nos reunir com amigos, somos prestativos e temos muito prazer nisso tudo.
Os direitos estão tão à frente dos deveres, que hoje vemos jovens fortes, robustos e bem alimentados sentados confortavelmente (em um ônibus, por exemplo), enquanto que mulheres grávidas ou com crianças de colo e idosos ficam em pé, e esses jovens têm tanta certeza de seus “direitos”, que não se lembram de que as outras pessoas também têm os mesmos direitos – tomara que eles não precisem se sentar quando chegar a velhice, se chegar.
Está passando a hora de ensinarmos e exigirmos que as pessoas conheçam melhor e apliquem adequadamente os deveres e só se preocupem com os direitos quando uma situação lhes trouxer prejuízos, como era em nosso tempo de criança.
Está na hora de se definir os papeis, pois não é responsabilidade do professor ensinar aos nossos filhos os princípios de educação, aquelas palavrinhas “mágicas” (“por favor”, “obrigada” e “com licença”), e tão pouco ensinar que não se mexe no que não é seu porque você não tem o direito, mas tem o dever de respeitar o que é do outro.
Está na hora de se definir os papeis, pois não é responsabilidade do professor ensinar aos nossos filhos os princípios de educação, aquelas palavrinhas “mágicas” (“por favor”, “obrigada” e “com licença”), e tão pouco ensinar que não se mexe no que não é seu porque você não tem o direito, mas tem o dever de respeitar o que é do outro.
Os pais não chamam a atenção dos filhos malcriados e quando esses são repreendidos, os pais se ofendem e vão defender os filhos – como se ameaçar um professor, responder a uma pessoa mais velha ou ficar falando palavrões fosse apenas o direito dele.
Existe uma frase, muito inteligente, que diz assim: “É melhor você chorar hoje do que eu chorar amanhã.” Certamente, se os pais daquele menino (da notícia do começo deste texto) o tivessem deixado chorar ao invés de fazerem todas as suas vontades, hoje eles não seriam manchete negativa na televisão, contudo, hoje são eles que choram, mas, acreditem, esses pais irão buscar a “justiça” para defender o seu filho e, o professor ameaçado ainda será culpado, porque a justiça é cega, surda, muda, porém burra.
É sempre melhor ensinar do que lamentar...
Texto da pedagoga Angelica Bocca Rossi, assessora para assuntos educacionais do ensino superior, enviado ao Jornal Virtual.
E-mail: angelica.bocca@gmail.com
(Profissão Mestre)
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