A descoberta do vírus artificial poderá abrir caminho para vacinas mais inofensivas, que não precisarão utilizar partes de vírus vivos, reduzindo assim o perigo de reações adversas. A previsão é do cientista Eckard Wimmer, criador do vírus artificial. Em palestra, para pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio, ele disse que os vírus sintetizados também poderão ser usados para a terapia genética.
“Eu acredito que haverá uma revolução na criação de novas vacinas. Também na terapia genética os vírus poderão levar até as células determinadas proteínas que o paciente não consiga fabricar ou que sintetize de forma insuficiente”, afirmou.
Por outro lado, o cientista alerta que os avanços na tecnologia também podem possibilitar a criação de vírus modificados, que poderão ser usados tanto para a cura de doenças quanto para a criação de armas biológicas por terroristas.
“Um governo hostil, com dinheiro suficiente para comprar conhecimento, pode fazer isso [desenvolver arma biológicas]. É apenas uma questão de esperança, que isso não venha a acontecer. Não existe maneira de evitar que um grupo forte e perigoso faça como aconteceu anos atrás no Japão [quando terroristas espalharam gás sarin no metrô de Tóquio, em 1995, matando 12 pessoas e intoxicando 6 mil]. Os governos devem se preocupar em investigar e se infiltrar nesses grupos”, advertiu o cientista, nascido na Alemanha e atualmente residente nos Estados Unidos, onde desenvolveu suas pesquisas.
Em 2002, ele anunciou o desenvolvimento do primeiro vírus artificial, por meio da manipulação do vírus da poliomielite. Na época, chegou a ser criticado por muitos setores, principalmente o religioso, com afirmações de que estaria “brincando de Deus”, ao tentar criar a vida. Wimmer disse que isso o deixou muito irritado, mas que atualmente a tecnologia já está mais bem compreendida e as críticas praticamente desapareceram.
O cientista comentou ainda os surtos de superbactérias, que atingem hospitais no Brasil e em outros países. “Essas bactérias foram criadas por nós mesmos. É nossa culpa que elas estejam se proliferando. Nós tomamos muitos antibióticos e isso criou resistência. O que elas estão fazendo [criando variações] é apenas se defendendo”, analisa.
(Fonte: Vladimir Platonow/ Agência Brasil)
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