Repensar a esquizofrenia

"Nature" destaca em editorial e três artigos o conhecimento acumulado a respeito da esquizofrenia e os desafios em busca do melhor entendimento e de tratamentos para o transtorno

Esquizofrenia é o assunto em destaque na capa da edição da "Nature", que avalia em editorial e em três artigos os avanços obtidos nos últimos cem anos na compreensão desse transtorno psíquico severo.

No editorial, a revista destaca que a pesquisa científica tem revelado as "complexidades assombrosas" da esquizofrenia, mas também tem mostrado novas rotas para o diagnóstico e o tratamento.

"Nos últimos anos, tem se avaliado que essa coleção de sintomas - que tipicamente se manifesta no início da vida adulta - representa um estágio posterior da enfermidade e que a própria enfermidade pode vir a ser uma coleção de síndromes, mais do que uma condição única", destaca o editorial.

No primeiro artigo, Thomas Insel, do National Institute of Mental Health, nos Estados Unidos, faz uma revisão do conhecimento acumulado sobre o tema. Segundo ele, o futuro do assunto reside em "repensar" a esquizofrenia como um distúrbio do desenvolvimento neurológico.

"Esse novo foco poderá levar a novas oportunidades para a compreensão de mecanismos e para o desenvolvimento de tratamentos para o transtorno. Tratamentos têm sido experimentados há décadas, mas com pouca evolução e resultados na maioria das vezes insatisfatórios", disse.

A esquizofrenia é uma desordem mental debilitante que afeta cerca de 1% da população mundial. No segundo artigo, Andreas Meyer-Lindenberg, da Universidade de Heidelberg, na Alemanha, discute como as novas tecnologias de obtenção de imagens estão deixando os aspectos apenas funcionais e estruturais para focar também nos mecanismos dos riscos da enfermidade.

Para o cientista, essas novas estratégias, como o uso de imagens em genética, possibilitam uma visão muito importante do sistema neural mediado pelo risco hereditário e ligado a variantes comuns associadas à esquizofrenia.

O artigo sugere que a caracterização dos mecanismos do transtorno por meio do desenvolvimento de tais técnicas poderá somar forças com os atuais projetos de pesquisa que visam à busca de tratamentos.

No terceiro artigo, Jim van Os, da Universidade Maastricht, na Holanda, e colegas fazem uma revisão do conhecimento atual a respeito das influências ambientais na esquizofrenia e os desafios que essas relações abrem para a pesquisa na área.

Os autores argumentam que mais pesquisas são necessárias para tentar descobrir a interação entre genética e ambiente que determina como a expressão da vulnerabilidade na população geral pode dar origem a mais psicopatologias severas.

Os artigos "Rethinking schizophrenia" (doi:10.1038/nature09552), de Thomas R. Insel, "The environment and schizophrenia" (doi:10.1038/nature09563), de Jim van Os e outros, e "From maps to mechanisms through neuroimaging of schizophrenia" (doi:10.1038/nature09569), de Andreas Meyer-Lindenberg, podem ser lidos por assinantes da "Nature" em http://www.nature.com/

(Agência Fapesp)

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