Equipamento vai eliminar CFC de geladeiras e evitar emissão de CO2

A segunda planta de manufatura reversa (reciclagem) de geladeiras do País será inaugurada no município de Careaçú (MG). O equipamento da empresa Revert Brasil é totalmente automatizado e terá capacidade para processar até 450 mil unidades por ano, o que equivale a cerca de 1.500 geladeiras por dia.

O CFC é um dos principais responsáveis pela redução da camada de ozônio, que protege a terra do excesso de raios ultravioletas, capazes de causar doenças como o câncer de pele. Além disso, esse gás contribui para o aquecimento global.

De acordo com a coordenadora de Proteção da Camada de Ozônio do MMA, Magna Luduvice, existe hoje no País um passivo de 10 milhões de refrigeradores que poderão ser processados por meio dessa tecnologia inédita no Brasil.

A eficiência de processamento do equipamento permite retirar mais de 99% dos gases CFCs existentes no refrigerador, tanto no sistema de refrigeração (CFC-12) quanto na espuma de isolamento (CFC-11). Estima-se uma redução na emissão de três toneladas de CO2 equivalente por refrigerador, ou seja, 1,35 milhão de toneladas de CO2 equivalentes deixarão de ser lançados na atmosfera, por ano. O equipamento também conseguirá separar, com mais de 95% de pureza, os demais materiais que compõe o refrigerador, tais como: poliuretano, plástico, ferro, cobre e alumínio.

Com a implantação dessa planta, os refrigeradores antigos, com mais de dez anos, substituídos nos projetos de eficiência energética pelas distribuidoras de energia elétrica poderão ter as substâncias nocivas à camada de ozônio e ao clima recolhidas e destinadas adequadamente.

A planta de manufatura reversa de refrigeradores operada pela Revert Brasil está inserida no âmbito do Acordo de Cooperação Técnica assinado, em 2009, pelos governos alemão e brasileiro por meio do Ministério do Meio Ambiente Alemão e da Agência de Cooperação Técnica Alemã e do Ministério do Meio Ambiente do Brasil e da Agência Brasileira de Cooperação.

Esse acordo tem por objetivo apoiar a introdução de um programa piloto de logística reversa de refrigeradores no Brasil, incluindo a instalação de um equipamento modelo de manufatura reversa. O valor total do projeto é de cerca de 10 milhões de euros, sendo cinco milhões do governo alemão e os outros cinco milhões do operador do equipamento a Revert Brasil Soluções Ambientais Ltda.

O projeto compreende além da instalação da planta de manufatura reversa de refrigeradores, o treinamento de pessoal para logística reversa de refrigeradores, incluindo catadores de materiais recicláveis e demais atores dessa cadeia e também o intercâmbio de informações técnicas sobre a logística reversa de refrigeradores entre os dois países.

O evento contará com a presença de representantes da Agência de Cooperação Técnica Alemã, do Ministério do Meio Ambiente do Brasil, do governo do Estado de Minas Gerais, da Prefeitura de Careaçú, além de demais representantes do setor de manufatura e manutenção de equipamentos de refrigeração, cooperativas de catadores, empresas do ramo de coleta e reciclagem, entre outros.

Histórico – No Brasil, a produção e o consumo de substâncias destruidoras da camada de ozônio (SDOs), como os clorofluorcarbonos (CFCs), foram eliminadas com êxito no âmbito do Protocolo de Montreal. No entanto, uma quantidade significativa de SDOs ainda pode ser encontrada nos equipamentos de refrigeração, entre eles refrigeradores, que estão em uso.

Desde 1999, já não se produzem mais veículos e condicionadores de ar com CFC. A partir de 2001, não se fabricam mais refrigeradores domésticos e comerciais com esses gases. Para eliminar os CFCs remanescentes e gerenciar o seu passivo, o governo brasileiro desenvolveu uma série de projetos (treinamento, incentivo à coleta, reciclagem e regeneração de SDOs) com o objetivo de impedir que os CFCs contidos nos equipamentos produzidos naquele período fossem lançados na atmosfera.

Ao final da vida útil, no entanto, os equipamentos que contêm substâncias destruidoras da camada de ozônio devem ser corretamente gerenciados, a fim de evitar o vazamento dessas substâncias para a atmosfera. Até pouco tempo no Brasil, recolhia-se somente o CFC presente no circuito de refrigeração dos refrigeradores antigos, pois não havia tecnologia para o recolhimento do gás contido na espuma de isolamento. Com a implantação dessa tecnologia, o Brasil avança, além da eliminação da produção e consumo dos CFCs, para o correto gerenciamento dos bancos de SDOs.

(Fonte: Daniela Mendes/ MMA)

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