LHC ferve a 10 trilhões de graus Celsius e obtém matéria primordial do Universo.
O superacelerador de partículas LHC (a sigla em inglês para Large Hadron Collider) recriou as condições registradas logo após o Big Bang - a explosão primordial que teria dado origem ao Universo - usando, desta vez, íons de chumbo, muito mais pesados, e não prótons, como vinha utilizando até então.
A experiência alcançou a maior temperatura já obtida: um milhão de vezes superior àquela do núcleo do Sol, ou 10 trilhões de graus Celsius.
A primeira colisão de íons de chumbo ocorreu no domingo e, segunda-feira, a reação já se encontrava suficientemente estabilizada para a realização de diversas experiências, segundo informou a porta-voz da Organização Europeia para Pesquisa Nucelar, responsável pelo acelerador, Barbara Warmbein.
As colisões produzem um efeito muito similar ao que seria observável momentos após a formação do Universo, o Big Bang. A experiência produziu "um 'bang' muito, muito, muito pequeno", nas palavras da porta-voz.
Ainda assim, os pesquisadores esperam que as colisões sejam capazes de produzir a espessa "sopa de matéria" que os ajudará a ter uma visão mais detalhada do início do Universo.
Na maior parte do tempo, a máquina, que teve o custo recorde de US$ 10 bilhões, está sendo usada para produzir a colisão de prótons - o que poderia fornecer indícios sobre o bóson de Higgs, a matéria escura, a antimatéria e até mesmo dimensões ocultas de espaço e tempo. Mas, durante um mês por ano, o LHC vai produzir também a colisão de íons de chumbo.
Os íons de chumbo - átomos de chumbo cujos elétrons foram removidos - são muito mais pesados do que prótons, o que demanda muito mais energia para que as colisões aconteçam. Por isso, explicam os especialistas, com as suas colisões, seria mais fácil alcançar o estado de matéria que o LHC busca.
- Estamos muito empolgados com a experiência - afirmou David Evans, da Universidade de Birmingham, no Reino Unido, em entrevista à BBC. - Obtivemos bolas de fogo subatômicas incrivelmente densas e quentes, com temperaturas superiores a dez trilhões de graus Celsius, um milhão de vezes mais quente que o centro do Sol.
Nessas temperaturas, explica Evans, mesmo prótons e neutrons, que formam o núcleo dos átomos, derretem, formando uma densa sopa quente de quarks e glúons, conhecida como plasma quark-glúon.
Quarks e glúons são partículas subatômicas - dois dos blocos constituintes da matéria. No estado conhecido como plasma quarkglúon, eles perdem o poder de atração entre si. Esse plasma, acreditam cientistas, formava o Universo logo após o Big Bang.
Estudando esse plasma, especialistas acreditam que poderão entender melhor a chamada força forte - a força que une as partículas formadoras do núcleo dos átomos e é responsável por 98% de sua massa.
(O Globo)
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