O livro Green Ink, de Michael Frome, chega ao Brasil depois de 12 anos da publicação de sua edição original, mas seu conteúdo continua indispensável para qualquer jornalista. O evento de lançamento terá transmissão ao vivo. A Fundação O Boticário de Proteção à Natureza e a Editora da Universidade Federal do Paraná lançaram a tradução para o português do livro “Green Ink – Uma Introdução ao Jornalismo Ambiental”, jornalista, educador e autor norte-americano Michael Frome.
A publicação foi lançada pela primeira vez em 1996, em inglês, mas seu conteúdo continua indispensável para qualquer jornalista. “Este livro é a cartilha básica do curso de jornalismo ambiental que deveria constar do currículo obrigatório de toda faculdade de comunicação”, afirma Marcos Sá Corrêa, que escreveu o prefácio para a edição em português.
Green Ink trata da ética, da filosofia e de todas as questões ligadas ao “ser jornalista” e ao jornalismo ambiental. O livro revela as entranhas da estrutura da comunicação de massa e sua sempre presente parcialidade para com amigos e patrocinadores, para com os poderosos e os que detêm o poder econômico. De capítulo a capítulo, Frome vai deslindando, o que é empunhar a pena com seriedade e paixão, em prol da natureza do planeta.
O evento de lançamento da versão em português do Green Ink será realizado em Curitiba (PR), em 4 de novembro, com transmissão ao vivo para todo o Brasil por meio do site da Fundação O Boticário (http://www.fundacaoboticario.org.br/). Haverá bate-papo sobre jornalismo ambiental entre estudantes e os profissionais Liana John (editora da revista Terra da Gente) e Cláudio Savaget (diretor do Globo Ecologia).
“É extremamente importante para os estudantes, especialmente de jornalismo, ter contato com pessoas que trabalham nesse campo. Em muitas universidades, falta contato com quem “está na rua”. É privilégio passar experiências a eles, e eles sentem vontade de conhecer nosso dia-a-dia e receber informações para nortear sua carreira. Isso faltou para mim quando eu era estudante e é parte do meu dever como jornalista”, comenta Liana.
Novos desafios
Liana e Cláudio trabalham com jornalismo ambiental há mais de 20 anos e acompanharam de perto muitas mudanças na área. “No início, o foco eram coberturas sobre poluição, acidentes químicos, contaminação de água, notícias negativas. Hoje, temos um espectro muito maior de temas, conseguimos dar boas notícias e informações para mobilizar a sociedade em torno de soluções e não em torno de problemas”, diz Liana..
Ao longo dos anos, além da temática, aumentou o espaço destinado para as notícias de meio ambiente na mídia. “A partir da ECO-92, o jornalismo ambiental alavancou, embora, na imprensa, tenha havido um refluxo logo após o evento. Mas, foi após o anúncio do IPCC sobre as mudanças climáticas que a consciência ambiental aumentou muito. As pessoas estão muito mais ligadas a essas questões”, afirma Cláudio.
Apesar dos avanços, ainda há um caminho grande a se percorrido pelo jornalismo ambiental, como no que diz respeito à conservação da biodiversidade. “A riqueza brasileira é muito maior do que é conhecida. Ainda é um assunto com o qual os brasileiros não sabem lidar, não sabem se relacionar com fauna e flora”, ressalta Liana.
Essa visão fragmentada das questões ambientais também está presente na cobertura jornalística, segundo Frome. “O meio ambiente é mostrado como um tema isolado. Muitos jornalistas ainda têm dificuldade em conectar problemas visíveis como o aquecimento global e desastres como Katrina com a destruição de florestas, consumismo, crescimento populacional, corrupção política e ganância corporativa. Os jornalistas pensam que sua responsabilidade termina com a reportagem sobre os fatos, mas isso é apenas o começo”, afirma Frome.
Para superar essas e outras deficiências da cobertura jornalística, Frome defende o “jornalismo ambiental” e não o “jornalismo sobre meio ambiente”. As palavras são parecidas, mas, na prática, há uma grande diferença entre as duas atividades.
Um jeito diferente de fazer jornalismo
Ao longo de sua vida, Frome tem praticado e ensinado um tipo diferente de jornalismo, um ‘advocacy journalism’, isto é, um jornalismo em prol de uma causa, no caso, a ambiental. E o propósito desse jornalismo ambiental é apresentar ao público informações precisas para embasar o processo de tomada de decisão da sociedade sobre as questões ambientais.
A atividade difere do jornalismo tradicional, pois é jogada segundo regras baseadas em uma consciência diferente daquela predominante na sociedade. Em Green Ink, Frome afirma que o jornalismo ambiental “é mais do que uma forma de fazer reportagens e escrever, mas uma forma de viver, de olhar para o mundo e para si próprio. Ele começa com um conceito de serviço social, dá voz à luta e às demandas e se expressa com honestidade, credibilidade e finalidade. Ele quase sempre envolve, de alguma forma, em algum lugar, riscos e sacrifícios”.
Por conseqüência, também há diferenças entre fazer cobertura sobre meio ambiente e fazer jornalismo ambiental. Com relação ao último, é necessário não só saber escrever, mas “aprender sobre o poder da emoção e da imagem”, “pensar no todo, com amplitude, profundidade, perspectiva e sentimento”.
Para isso, os jornalistas ambientais não devem ficar escravos do computador, mas usá-lo e não ser utilizados por ele: Frome o incita a sair a campo, caminhar por trilhas, ver animais e plantas, para entender de modo mais profundo sobre o que estão escrevendo.
SERVIÇO:Livro: Green Ink – Uma Introdução ao Jornalismo AmbientalAutor: Michael FromeEditora da Universidade Federal do ParanáÀ venda a partir de 4 de novembro, no site http://www.editora.ufpr.br/Evento de lançamentoOnde: Teatro Doutor Botica, no Shopping Estação (Curitiba-PR)Quando: 4 de novembro, terça-feira, às 19h30Quanto: as inscrições para os estudantes de jornalismo são gratuitas e deverão ser feitas de 20 a 30 de outubro, pelo telefone (41) 3340-2645Haverá transmissão ao vivo para todo o país por meio do site da Fundação O Boticário: http://www.fundacaoboticario.org.br/
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