Plantas medicinais podem ser remédios até para combater a pobreza, mesmo que indiretamente. A Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) adotou as últimas áreas agrícolas do município do Rio para produzir plantas medicinais, que servem de base para fitoterápicos (medicamentos obtidos de matérias-primas vegetais).
Cerca de cem famílias, que viviam apenas do cultivo de caqui e banana, na zona oeste, estão sendo preparados para diversificar a produção. Nos próximos meses, eles começarão a plantar guaco (para doenças respiratórias), espinheira-santa (problemas de estomacais) e canjiru (para fins dermatológicos).
O projeto faz parte do programa nacional de plantas medicinais e fitoterápicos, coordenado pelo Ministério da Saúde e aprovado em dezembro do ano passado. O programa pretende garantir aos consumidores acesso seguro e uso racional de plantas medicinais, além de promover o uso sustentável da biodiversidade, o desenvolvimento da cadeia produtiva e da indústria nacional entre outras coisas. O trabalho no Rio quer dar qualidade para a produção nacional.
"Queremos oferecer insumo de qualidade para as indústrias farmacêuticas, as farmácias de manipulação e o SUS [Sistema Único de Saúde], além de dar mais uma opção para os agricultores gerarem renda", diz a bióloga Sandra Magalhães, coordenadora do projeto. O início da produção no Rio com a qualidade da Fiocruz está previsto para o final de 2010. Atualmente, pesquisadores e produtores discutem formas de implantação do trabalho.
SUS - Os produtores fitoterápicos estão ganhando espaços no país. Em fevereiro, o Ministério da Saúde divulgou uma lista com 71 plantas que poderão ser usadas como medicamentos fitoterápicos pelo SUS. As plantas escolhidas atuam no combate a inflamações, hipertensão, infecções na garganta, úlceras, vermes, diarreia, osteoporose, entre outros problemas.
A ideia é que a relação sirva de base para uma ampliação do número de fitoterápicos hoje financiados com verba federal. Até agora, dois fitoterápicos, feitos a partir do guaco e da espinheira-santa, estão na lista de medicamentos comprados com a verba do ministério. O objetivo é que, até o final deste ano, oito fitoterápicos entrem para a relação do SUS.
(Fonte: Sergio Rangel/ Folha Online)
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