Cacto ambulante

A descoberta de uma criatura extinta e inusitada, feita no sudoeste China, é o destaque da edição da revista Nature.

Apelidado de "cacto ambulante", o animal amplia o conhecimento sobre a evolução dos artrópodes, filo do qual fazem parte os insetos, as aranhas e os crustáceos.

A descoberta também reacende a questão de se o desenvolvimento do característico esqueleto externo duro dos artrópodes começou ou não com a aquisição de pernas robustas.

A maior parte dos grupos de animais vivos atualmente apareceu primeiramente no registro fóssil durante a chamada explosão do Cambriano, um período de rápida evolução ocorrido há cerca de 500 milhões de anos.

Jianni Liu, do Departamento de Geologia da Universidade Northwest, nos Estados Unidos, e colegas descrevem no artigo agora publicado a descoberta de outra espécie no pouco conhecido grupo dos lobopodios (Lobopodia).

O exemplar tinha cerca de seis centímetros de comprimento e lembra um verme com corpo mole e estreito, mas com dez pares de pernas robustas e cheias de formações que lembram espinhos. A espécie foi classificada como Diania cactiformis, por lembrar um cacto.

Os cientistas responsáveis pelo estudo sugerem que o fóssil encontrado pode representar o organismo mais próximo dos artrópodes modernos de que se tem notícia.

Embora o "cacto ambulante" não seja exatamente o ancestral comum dos artrópodes atuais, ele tem os membros mais robustos e parecidos com os de um artrópode dos lobopodios conhecidos.

Segundo Liu e colegas, isso pode indicar que esse ramo dos lobopodios evoluiu para ter pernas duras antes mesmo que seus corpos endurecessem. Mas não se sabe se essa característica pode se aplicar aos artrópodes em geral.

O artigo An armoured Cambrian lobopodian from China with arthropod-like appendages (doi:10.1038/nature09704), de Jianni Liu e outros, pode ser lido por assinantes da Nature em www.nature.com.

(Agência Fapesp)

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