Alunos do Projeto Ampliar têm aulas de informática/Foto: Calão Jorge/Secovi-SP
Aos 16 anos de idade, Lamarque Gomes saía de casa na Vila Natal, na cidade de São Paulo, para entregar jornal na rua. Ao completar o serviço, por volta das 11h, ele retornava ao lar para almoçar e logo em seguida se dirigia a Unidade Sete de Setembro do Projeto Ampliar, situada no Jardim São Bernardo, zona Sul da capital paulista.
Lá, o jovem frequentou todos os cursos disponíveis pelo projeto à época, como o de Técnicas Administrativas, Serigrafia e Panificação/Confeitaria. Em outubro de 2009, já com 26 anos, Lamarque dava início a uma grande conquista: abria um negócio próprio, uma padaria na Vila Natal. "O projeto foi muito importante, mas é preciso ter muita deteminação, tem que querer fazer", destacou o empreendedor.
A exemplo de Lamarque, cerca de 30.000 alunos já se formaram no Projeto Ampliar, que há 20 anos oferece educação profissional para adolescentes e jovens em situação de risco social. Com foco na capacitação e na contramão do assistencialismo que dá o peixe, em vez de ensinar a pescar, a associação sem fins lucrativos atua em São Paulo desde 1990, com apoio logístico do Sindicato da Habitação (Secovi-SP).
“Desde sua fundação, em 1990, já emitimos 57 mil certificados para 30 mil alunos, sendo que 70% deles estão inseridos no mercado”, afirmou a fundadora e presidente do projeto, Maria Helena Mauad (foto). Segundo ela, a iniciativa foi implantada em um período no qual a violência urbana começava a tomar proporções incontroláveis. "Os assaltos eram cada vez mais constantes e o número de jovens entre 14 e 17 anos que estavam nas ruas era considerável", lembrou. "Nosso objetivo era o de colocar a meninada no caminho do trabalho."
Frequentar a escola é o principal requisito para o jovem ingressar no Projeto Ampliar. De acordo com Mauad, o nível educacional dos adolescentes que participam dos cursos tem aumentado nos últimos anos. "Antes, eles só tinham o ensino fundamental. Hoje, alguns deles já até frequentam a faculdade", exemplificou. Segundo a presidente da associação, a renovação da auto-estima é uma das principais conquistas do trabalho desenvolvido.
"Hoje, esses jovens dizem: 'em também sou capaz de fazer'. Por que não?' A educação muda o perfil do País". Maria Helena Mauad
Além da Unidade Sete de Setembro, o Ampliar conta com o núcleo da Unidade Paulista/Brigadeiro, na Avenida Brigadeiro Luiz Antônio, localizado na antiga sede do Secovi-SP. Diariamente são atendidos 220 jovens, que frequentam cursos de áreas diversificadas, como:
Maquiagem;
Manicure;
Assistente de Cabeleireiro;
Assistente-Administrativo;
Contabilidade Básica;
Técnicas de Vendas;
Telemarketing;
Informática;
Assistente de Recursos Humanos;
Auxiliar de Farmácia;
Serigrafia;
Panificação e Confeitaria.
Alguns desses cursos são ministrados em parceria com empresas como a Payot e o Senai. O projeto aceita doações, além de disponibilizar um programa de sócio contribuinte, que ajuda na manutenção das aulas profissionalizantes. O Ampliar oferece alimentação, mas o custeio de transporte vem dos próprios jovens. A associação também deixa claro que qualifica os adolescentes de forma gratuita, mas que não disponibiliza remuneração.
Projetos
Dois projetos de destaque do Ampliar são o Jovem Farmácia e o EngraxArte. O primeiro projeta os alunos do curso de Auxiliar de Farmácia na rede de drogarias parceiras. O segundo capacita os adolescentes por meio de atividades que buscam a geração de renda. A maioria desses jovens presta serviço remunerado em empresas, como é o caso de Aristides dos Santos Neto, hoje com 19 anos.
"O que eu aprendi lá como engraxate me ajudou no mercado de trabalho e agora exerço a profissão com carteira assinada. O Ampliar desenvolveu meu trabalho com os clientes, porque eu não tinha muita habilidade para lidar com eles", ressaltou Neto.
Maria Helena Mauad adiantou ao portal EcoDesenvolvimento.org que o Projeto Ampliar firmou um convênio com o Instituto Tecnológico Impacta na segunda-feira, 20 de setembro. A parceria rendeu a doação de 15 computadores para os alunos do curso de informática, que uma vez formados concorrerão a bolsas para trabalhar com as tecnologias da informação.
Ecobags
A Associação Paulista do Projeto Ampliar (nome oficial da entidade) também comercializa produtos para ajudar no orçamento mensal, calculado em R$ 25 mil. São camisetas promocionais, uniformes profissionais, cartões de Natal e ecobags que as pessoas podem usar para carregar as compras do supermercado, em vez de utilizar sacolas plásticas. Fashions e dobráveis, os modelos viram ou um chaveiro ou uma bola, que cabem em qualquer canto da bolsa e até mesmo na carteira ou bolso da calça.
“Quando uma pessoa compra uma ecobag do Projeto Ampliar, automaticamente está fazendo duas boas ações: reduz o descarte de plástico na natureza e contribui com a formação profissional de adolescentes e jovens em situação de risco social”, observou Mauad.
Mais informações sobre o Projeto Ampliar no site da entidade ou ligue para (11) 5591-1281/1283
ECOD
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