Estudo revela que frutas do cerrado têm mais antioxidantes do que a maçã

Um estudo brasileiro publicado no periódico PLoS ONE revelou que doze frutas que crescem no meio do mato do segundo maior bioma brasileiro têm potencial para se tornar matéria-prima da indústria alimentícia e farmacêutica.


Araticum, baru, cagaita, cajuzinho, guariroba, ingá, jatobá, jenipapo, jurubeba, lobeira, mangaba e tucum são frutas pouco conhecidas em outras regiões do Brasil, mas são repletas de antioxidantes que têm poder de combater o envelhecimento precoce.

Os olhos da indústria podem se voltar para esses frutos por um motivo simples: a quantidade de antioxidantes presentes neles é muito mais alta do que na maçã, fruta popular em todo o Brasil e também conhecida por ser uma boa fonte desses compostos.

As frutas são nativas do cerrado, e, segundo a coautora do estudo feito na Universidade de Brasília (UNB) Fernanda Rosa, dificilmente se encontrará plantações delas.

“Só encontramos no mato ou em pequenos produtores”, explica. “Mas o cerrado é uma região muito rica e acredito que, se quiserem uma produção em massa, ela poderá se estabelecer por aqui”.

Antioxidantes – Fernanda explica que quanto mais agressões externas o ambiente recebe, mais os frutos desenvolvem compostos bioativos: os antioxidantes, na verdade, são mecanismos de defesa.

“O cerrado é uma região que sofre com calor, secas, radiações, queimadas e mesmo assim tem uma flora abundante”, explica.

A ideia de estudar a diversidade do cerrado surgiu a partir da afirmação de que as frutas são fortes e desenvolvem várias maneiras de sobrevivência. Os autores do estudo já esperavam então que as análises revelassem grandes quantidades de antioxidantes.

“Além disso, nós também tínhamos intenção de valorizar a flora local. Existem apenas poucos estudos sobre as frutas daqui. Nem todas as pessoas conhecem o tucum, por exemplo. Nós fomos para a mata, conversamos com coletores de frutas do cerrado e perguntamos quais frutas são popularmente mais consumidas antes de fazer a escolha”, conta Fernanda.

As frutas que apresentaram maiores quantidades de antioxidantes foram a cagaita, saraticum, lobeira e tucum. Esta última é objeto da segunda parte do estudo que Fernanda participa.

“Ainda não existe nenhum estudo sobre o tucum. Essa fruta é muito rica em antioxidantes e pretendemos identificar qual é o composto responsável por isso. O resultado está sendo muito positivo, mas ainda falta fecharmos o estudo”, conta, prevendo que o estudo será publicado até o final deste ano.

Fernanda explica que muitas das frutas do cerrado são usadas pela medicina popular em infusões, como anti-inflamatórios e antibióticos. O desafio proposto pelo estudo foi a identificação de que as frutas são realmente benéficas à saúde.

Contraindicações – É preciso, porém, ter cuidado. Apesar de não terem estudado o potencial toxicológico das frutas, Fernanda afirma que existem estudos que mostram que a lobeira não é indicada para ser consumida crua.

“Ela precisa passar por um processo, porque pode apresentar efeitos patogênicos, por exemplo, gestantes podem ter problemas com o feto. O estudo foi feito em ratos”, explica.

Para as demais frutas, segundo Fernanda, não existem estudos que provem alguma contraindicação. 

(Fonte: Portal iG)

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