Médicos dos Estados Unidos conseguiram o que está
sendo chamado de cura “funcional” do vírus HIV em uma criança de 2 anos.
De acordo com os americanos, uma menina
soropositiva do Estado do Mississippi (sul do país) não demonstra sinais de
infecção pelo vírus após deixar o tratamento por cerca de um ano.
A cura livrou a criança de uma vida que seria
marcada pelo alto consumo de medicamentos, o preconceito e o dilema de contar a
amigos e familiares sobre a doença. Mas, além da história de triunfo dos
médicos, surge uma grande questão: esta descoberta coloca o mundo mais perto de
uma cura para a aids?
No caso da garota americana existem circunstâncias
especiais: os médicos conseguiram atingir o vírus muito cedo e com muita força.
Isto não é possível em adultos, que descobrem que contraíram pelo HIV meses e
até anos depois da contaminação, quando o vírus já está completamente estabelecido.
Também não se sabe ainda como o sistema imunológico
de um bebê recém-nascido pode afetar o tratamento. Bebês conseguem grande parte
da sua proteção contra doenças a partir do leite materno.
Uma coisa é certa – esta abordagem não irá curar a
grande maioria dos portadores do vírus. O que levanta a dúvida: haverá um dia
esperança para os que vivem há décadas com o HIV?
Tratamento – O vírus da aids não é mais o
assassino que costumava ser. Ele apareceu primeiro na África no começo do
século 20 e se transformou em um problema de saúde global na década de 1980.
Nos primeiros anos da epidemia, não havia tratamento.
O vírus matou mais de 25 milhões de pessoas nas
últimas três décadas, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). A partir da
metade da década de 1990 surgiram as terapias com antiretrovirais, e o impacto
que tiveram no número de mortes por Aids foi dramático.
As pessoas infectadas com o HIV que têm acesso a
esse tratamento podem ter uma expectativa de vida normal, mas nem todas
conseguem. Cerca de 70% das pessoas que vivem com o HIV estão na África ao sul
do deserto do Saara, onde o acesso aos medicamentos é relativamente limitado.
A busca pela cura continua. “Sempre presumimos que
era impossível, mas começamos a descobrir coisas que não sabíamos antes, e
(isso) está abrindo uma fenda na blindagem”, disse à BBC o pesquisador John
Frater, da Universidade de Oxford.
Escondido – Depois que uma pessoa é infectada
pelo HIV, o vírus se espalha rapidamente, infectando células em todo o corpo.
Ele se esconde dentro do DNA, onde não será afetado pelas terapias.
Já existem agora medicamentos experimentais para
tratamento de câncer que poderiam tornar o vírus mais vulnerável.
“Este é um momento muito animador, mas não é a
resposta no mundo atual. Temo que por querer uma cura tão desesperadamente nos
esqueçamos das questões de custo e eficiência, que fazem a diferença”, disse
Jane Anderson, professora do Hospital Homerton, em Londres
“(O medicamento) ataca o vírus dentro da célula e o
deixa visível para o sistema imunológico. Poderemos alcançá-lo com uma vacina”,
afirmou Frater.
No entanto, a abordagem requer medicamentos que
façam com que o vírus fique ativo e uma vacina que treine o sistema imunológico
para acabar com ele. E isso não é algo que está próximo de ser descoberto.
Outro caminho sendo considerado envolve uma mutação
rara que faz com que as pessoas fiquem resistentes à infecção. Em 2007, Timothy
Ray Brown se transformou no primeiro paciente que teria erradicado o vírus.
Seu sistema imunológico foi destruído como parte de
um tratamento de leucemia. Em seguida, ele foi restaurado graças a um
transplante de células-tronco de um paciente com a mutação.
Um pouco de engenharia genética também poderia
ajudar a modificar o sistema imunológico do próprio paciente, para que ele
adquira a mutação protetora. Mas, novamente, esta é uma perspectiva distante.
Medicina experimental - Para o presidente do
programa de vacina da aids da Grã-Bretanha, Jonathan Weber, professor da
universidade Imperial College, no sul da Inglaterra, não há um consenso nos
tratamentos para os que já estão infectados.
“Para a infecção estabelecida nós temos algumas
ideias, mas tudo ainda nos domínios da medicina experimental. Não há um
consenso e nenhum caminho claro (a ser seguido)”, afirmou.
Para Weber, uma cura seria a solução para o
problema dos gastos, já que dar remédios para as pessoas todos os dias para o
resto de suas vidas pode ser muito caro.
A professora Jane Anderson, do Hospital Homerton,
em Londres, prefere ser mais cautelosa sobre a possibilidade de uma cura para a
Aids depois do caso nos Estados Unidos. “Este é um momento muito animador, mas
não é a resposta no mundo atual. Temo que, por querer uma cura tão
desesperadamente, nos esqueçamos das questões de custo e eficiência, que fazem
a diferença”, afirmou.
Quase todos os casos de transmissão do HIV da mãe
para a criança podem ser evitados com medicamentos, com a escolha pela
cesariana e evitando que a mãe amamente o filho.
Em adultos, a maioria dos casos de infecção por HIV
ocorre como resultado de sexo sem o uso de preservativos.
(Fonte:
Terra)
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