Libélula é aposta para exterminar larva do Aedes aegypti em Aparecida/SP

Predadoras naturais do Aedes Aegypti, as libélulas são a aposta da Prefeitura de Aparecida (SP), no interior de São Paulo para reduzir os casos de dengue. Para atrair os insetos estão sendo espalhadas sementes de leguminosa crotalária nos locais onde houve maior incidência de dengue em 2015. Não há comprovação científica sobre a eficácia do método no combate ao mosquito.


A ideia de usar as flores que brotam da crotalária contra o Aedes surgiu há dois anos, mas foi adiado porque, segundo o secretário de Meio Ambiente do município, Marcelo Marcondes, a semente de origem indiana é considerada difícil de ser encontrada e tem um custo elevado. Além da cidade, padres de São José dos Campos e Monteiro Lobato, também distribuíram cerca de mil sementes para os fiéis em suas paróquias.

“Quando fui a um debate em Brasília neste ano ganhei cerca de 300 sementes de uma pessoa que também estava participando e logo pensei que poderia colocar em prática o projeto”, disse Marcondes. A crotalária leva entre três a quatro meses para florescer e assim atrair os insetos.

Entre as regiões que tiveram o maior registro de casos de dengue no ano passado, estão os bairros Santa Rita, Itaguaçu e Ponte Alta. A cidade teve contabilizados no ano passado 1,5 mil ocorrências de dengue. Neste ano o município tem apenas oito casos confirmados da doença.

Ciência – Mesmo sem comprovação científica que a plantação da semente contenha o avanço da dengue, o plano foi colocado em prática pela Secretaria de Meio Ambiente de Aparecida.

“Nós pesquisamos bem sobre o assunto e verificamos que não há nenhuma comprovação que a planta seja a solução, mas como eu ganhei as sementes, não teremos nenhum gasto, só precisamos mesmo cuidar. Então se der certo ótimo, mas se não der também não tem problema, pois não houve nenhum grande investimento”, explicou o secretário.

Além da planta, o secretário garantiu que Aparecida vai receber investimentos nas ações e vistorias rotineiras pelos bairros.

Especialista – Segundo a professora em parasitologia e controle de vetores Francine Coelho, os projetos com a semente exigem amplo estudo, pois apesar do plantio de não oferecer risco à população, a medida pode inflacionar o número de libélulas na área urbana da cidade.

“Existem estudos realizados em todo país desde 2010 sobre a crotalária. Como não existem comprovações dos benefícios, é preciso se aprofundar no tema para tomar qualquer decisão. E também temos que levar em consideração que a libélula é silvestre e trazê-la em grande quantidade para a região urbana da cidade é um risco”, explicou a professora. Isso porque as libélulas podem trazer um desiquilíbrio ao meio ambiente e virarem uma praga.

 (Fonte: G1)